Fernando Pessoa
A temática é desenvolvida pela análise dialéctica e comparativa, entre o acto de pensar (humano) e o acto de florir (natural). Pessoa tenta, na comparação, estabelecer uma linha condutora entre o absurdo de pensar perante o absurdo de florir - ambas as acções serão afinal naturais e semelhantes? Dizendo isto, Pessoa tira o conteúdo revolucionário do pensar e assemelha-o ao acto simples do florir. Assim pensar, como florir, não tem um significa intrínseco, uma finalidade lógica superior. Pensar é, como florir, uma acção sem significado além do significado que encerra em si mesma - esgota-se portanto no seu próprio acto, não tem um seguimento e uma conclusão e ai resido o seu absurdo.
A mudança entre os tons interrogativo (1ª estrofe) e exclamativo (2ª estrofe), que passa depois para um tom declarativo é de simples análise. É claro que Pessoa tenta nas duas primeiras estrofes estabelecer a sua comparação - a linha condutora, pelas evidências e semelhantes entre pensar e florir. Por isso ele primeiro interroga e depois afirma para si mesmo a realidade. As restantes estrofes são já produto de uma conclusão do poeta - são, à sua maneira, um acto de pensar que também se extingue em si mesmo e em que "se pensa o pensamento". Por isso o tom declarativo, final, de conclusão, que dá lógica continuação às duas primeiras estrofes.
O significado da quarta estrofe é quanto a nós o seguinte: para reforçar a sua ideia que o pensar, tal como o florir, é um acto absurdo, sem final definitivo, Pessoa recorre a uma imagem forte - o espezinhar da flor pelos pés de alguém é o mesmo que acontece com o pensar. Ou seja, quem pensa (Pessoa ele mesmo) é esmagado pela vida, porque a vida não é para aqueles que pensam, é precisamente para aqueles que