Fernando Pessoa e o Romantismo Alemão
Supervisor: Márcio Suzuki
Candidata à Bolsa: Cláudia Franco Souza
Instituição de Acolhimento: Universidade de São Paulo
Resumo
O desenvolvimento desta pesquisa de pós-doutorado pretende ressaltar e aprofundar os pontos de contato entre a prosa de Fernando Pessoa e a filosofia dos primeiros românticos, F. Schlegel e Novalis. O primeiro ponto que nos permite estabelecer essa ligação é o fato de Fernando Pessoa ter sido leitor do romantismo alemão, sobretudo de Novalis, como pudemos constatar apôs uma investigação em sua biblioteca particular.
Na famosa arca pessoana, onde foram encontrados mais de vinte e sete mil documentos deixados pelo autor português, estava o projeto do Livro do Desassossego.
Este projeto publicado hoje em diversas línguas e de diversas maneiras, funciona para o pesquisador como uma espécie de puzzle, isto porque o livro é construído a partir da seleção de fragmentos. Este projeto de pós-doutorado tem como um dos seus objetivos relacionar os fragmentos do Livro do Desassossego, enquanto estrutura e conteúdo, com o romantismo alemão. O fragmento é o gênero romântico por excelência, e para além disto, tanto F. Schlegel quanto Novalis discutiram sobre essa questão principalmente a partir da dialética existente entre totalidade e fragmento. O fragmento assinala uma potência orgânica que aponta para o infinito, pois o que está em jogo não é o acabamento de um texto, e no caso pessoano, de um livro, mas as infinitas formas de organização que a sua organicidade fragmentária permitem.
Pessoa até os seus últimos dias de vida não parou de criar, elaborar sua arte através de fragmentos e esse aspecto também se relaciona com a idéia romântica de filosofia. Filosofia como uma cadeia de textos, como o funcionamento dinâmico do pensamento. Neste projeto pretendemos aproximar a noção de filosofia exposta por
Novalis e F. Schlegel com a tessitura da literatura pessoana.
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