Feminismo

5021 palavras 21 páginas
As ciências naturais assumiram uma autoridade inigualável nas culturas ocidentais nos últimos séculos. Os questionamentos das bases dessa autoridade cognitiva proliferaram a partir da segunda metade do século XX nos estudos históricos, sociológicos, filosóficos, nas críticas de teóricas feministas, mas não mobilizaram de forma mais densa e articulada os estudos de gênero em História das Ciências no país. Diferentemente de outras áreas das ciências humanas – em História das Ciências, no Brasil, apesar de iniciativas anteriores, só muito recentemente gênero começou a ser incorporado de forma mais ampla como uma perspectiva de abordagem teórica e possível linha de pesquisa sancionada institucionalmente.1
Nas Histórias das Ciências elaboradas no mundo norte-atlântico, gênero foi construído enfrentando entre inúmeros aspectos, a questão de que as atividades das mulheres diferentemente das atividades dos homens, permaneceram e têm permanecido fora das análises do mainstream das culturas ocidentais. Nos últimos 30 anos as reflexões em torno da sub-representação das mulheres nas ciências ou mesmo, em determinados contextos específicos, sua exclusão das práticas e instituições científicas, ganharam enorme consistência teórica e empírica, através das discussões de como gênero tem sido um fator significativo na estruturação das instituições e práticas científicas e como as hierarquias de gênero têm direcionado pesquisas e moldado prioridades e teorias científicas. (Schiebinger, 2003)
Tais estudos têm explicitado que a exclusão não significa, necessariamente, que essas atividades não ocorreram, não foram importantes, ou particularmente, não foram ciências. (Ginzberg, 1989) A exclusão das mulheres das diferentes abordagens sobre as práticas científicas em momentos da História, apenas significa que as mulheres e as atuais perspectivas de gênero não mereceram – como muitos homens e outras abordagens analíticas2 – a atenção devida dos integrantes das culturas hegemônicas das

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