feliz ano velho
Darlan Roberto dos Santos1
RESUMO: Pretende-se fazer uma abordagem crítica da autobiografia de Marcelo Rubens Paiva, Feliz ano velho. Para tanto, considerar-se-á a discussão de uma identidade nacional situada entre a rememoração da ditadura militar e as especulações acerca da abertura política no Brasil. A influência do livro de Fernando Gabeira, O que é isso companheiro?, nas reflexões políticas presentes na obra estudada também ganham espaço no presente artigo.
PALAVRAS-CHAVES: Autobiografia; Ditadura Militar; Redemocratização. INTRODUÇÃO
Feliz ano velho é uma obra peculiar, paradigmática em vários aspectos. A publicação, lançada em sua primeira edição em 1982, marca o ingresso de Marcelo Rubens Paiva na Literatura, assim como reflete a conturbada transição política no Brasil, quando a redemocratização despertava nas pessoas um misto de euforia e dúvida. Marcelo, que tinha pouco mais de vinte anos de idade quando escreveu seu livro de estréia, participava ativamente desse panorama. Filho do ex-deputado federal Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura, o jovem também nutria o engajamento político, tendo sido um dos primeiros afiliados do Partido dos Trabalhadores.
Todas essas referências estão presentes em Feliz ano velho, que, apesar do rótulo de “autobiografia”, extrapola a escrita íntima, abarcando, também, reflexões acerca da história do país e de seus possíveis desdobramentos.
Beirando, muitas vezes, o teor panfletário, o autor cobra um “acerto de contas” com os anos de chumbo e rememora todo o drama decorrente da perseguição política a seu pai, que culminou com a prisão e o sumiço do ex-deputado, ainda hoje não explicado. Este é um dos eixos centrais do livro, em que a revolta pessoal mistura-se à indignação do ser político, traço marcante do escritor latino-americano, introjetado por Marcelo Rubens Paiva em toda a sua obra.
Outra nuance que se destaca no livro em