Meu avô me contava as histórias de sua mocidade, recordava os fatos. Para mim não foi difícil imaginar como era aqui a mais de 60 anos, fui ouvindo suas palavras e tudo surgiu como num filme. “ Tenho muitas lembranças de Santo Antônio, essa nossa pequena cidade de Minas Gerais, aliás, nem cidade era e sim um distrito de Conceição do Mato Dentro. Na época da minha infância a vida era muito difícil. Para ir a escola, que era só até a quarta série, eu e meus irmãos vínhamos a pé, fazendo sol ou chuva, poeira ou barro! Depois da 4ª série, quem tinha recursos ia estudar fora – Belo Horizonte, Conceição do Mato Dentro ou outra cidade que oferecesse ginasial – quem não tinha, como eu, ficava para trabalhar na roça. Também não havia transportes, nem para os doentes, esses, quando precisavam ser hospitalizados eram removidos em padiolas – colchões amarrados em bambus, levados em ombros de homem até o Morro do Pilar , onde havia ônibus para a capital de Belo Horizonte. Quando não precisavam ser hospitalizados eram curados pelo Dr. Seraphim Sanna, farmacêutico da região. Ele produzia os remédios e os enviava aos pacientes. A região também não tinha luz elétrica. Vivemos muitos anos a luz de lamparinas e lampiões. Só por volta de 1980 é que começamos a vislumbrar a energia elétrica chegando em nossa cidade. A princípio era gerada por um motor a óleo, como esse óleo era caro, a energia era desligada às 23 horas o que fazia que todos se recolhessem nesse horário. Hoje, resta-me a lembrança de um mundo totalmente diferente, uma vida dura, mas feliz!” Depois de ouvir o que meu avô me contou, já era noite, olhei pela janela e pensei: como pode... essa cidadezinha já foi menor do que é!