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Este texto vem na baliza dos recentes acontecimentos aventados pela discussão do vídeo “Chororô na delegacia: acusado de estupro alega inocência: produzido pelo programa “Brasil Urgente Bahia” e reprisado nacionalmente pela emissora Band. Nele uma repórter que deveria estar ali pra entrevistar um preso, vai além do seu papel como jornalista e comete inúmeros crimes e violações a direitos humanos constitucionalmente garantidos, humilhando o réu em sua origem social humilde e falta de instrução (em vários momentos ela se ri do acusado não saber pronunciar “próstata”, falando “prostra”), chegando mesmo em alguns momentos ao absurdo de acusá-lo de ter cometido alguns crimes. A postura dessa jornalista e da rede que vinculou ela ao ar causaram indignação generalizada tanto da população, de quem se preocupa com o tema e até mesmo da própria classe profissional que ela se vincula.
Nossa intenção é fazer uma análise do ponto de vista da sociologia jurídica que nos auxilie a entender o ocorrido. De maneira sucinta procuramos trabalhar o porquê de ter se instalado de maneira perceptível em nosso país uma cultura de normalidade, de descaso frente a violações aos direitos humanos, principalmente de setores socialmente desfavorecidos. Os motivos para isso são inúmeros, de natureza histórica, social, cultural, política. Se tivéssemos à nossa disposição a paciência infinita de quem nos lê, iríamos lá atrás no Brasil-Colônia e falaríamos da construção da nossa identidade legal, do direito a serviço do interesse da metrópole, dos desmandos de Portugal e como isso nos afeta até hoje. Todavia, como não temos isso, e nem queremos abusar do leitor(a), vamos reduzir a discussão a uma pergunta-guia para nossa exposição: por que é tão difícil para nós aceitarmos o óbvio, a dizer, que direitos humanos são elementares como garantia para a manutenção de qualquer ordem social?
Para respondê-la enumeramos três fatores que acreditamos essenciais na construção de qualquer resposta: a forma

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