Fato e inferência
Faz mais de 500 anos que o gráfico alemão Johannes Guttenberg inventou a prensa manual e deu início a uma das maiores revoluções da humanidade, o acesso em massa à leitura. Ele criou a técnica da impressão provavelmente em 1453, mas só completou seu primeiro livro, a Bíblia, em 1455. No entanto, até hoje ler é um problema para muitas pessoas. Cabe à escola, em meio a tantas mudanças tecnológicas e sociais, estimular a leitura, melhorar as estratégias, principalmente de compreensão (um dos principais problemas de aprendizagem, segundo os exames de avaliação nacionais e internacionais) e oferecer muitos e variados textos. Dos caminhos a seguir, dois favorecem a intimidade dos alunos com o texto: ensinar a estabelecer previsão e inferência, estratégias que são invocadas na prática da leitura, logo no primeiro contato com o texto, e que devem ser "provocadas" conscientemente pelo professor na prática de leitura.
Se usadas com clareza, previsão e inferência exigem que o leitor acione conhecimentos prévios, como ideias, hipóteses, visão de mundo e de linguagem sobre o assunto. "A leitura é uma atividade de procura do passado de lembranças e conhecimentos do leitor. O que orienta o ato de ler é a direção, a elaboração do pensamento e sua imagem de mundo", diz Ângela Kleiman, professora do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas.
Ler é interagir
O ato de ler não se dá linearmente, como um processo contínuo, tranquilo e sem interrupções. Ao contrário. É uma operação mental complexa marcada por tensões, porque