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"A CONEXÃO dos dois termos, Arte e Filosofia, provoca hoje um interesse estranho e que não é apenas teórico. O artista e o filósofo despertam um no outro uma mescla de fascínio e inquietação. O artista é demasiado curioso de todas as dimensões do mundo para manter-se indiferente às interpretações do pensamento, nos vários domínios do processo histórico e cultural. Mas ele também pergunta, se as verberações da Filosofia não levam de roldão a Arte e o põem em xeque como artista. Por isso não pode deixar de inquietar-se com o lugar que a Arte ocupa no reino da Linguagem. Por sua vez o filósofo é por demais curioso de todas as oscilações do pensamento para ficar indiferente à atividade artística. Mas choca-se com a sensação de que algo mais escapa às interpretações da obra. Ora, é justamente este algo mais que constitui a essência da Arte e o viço artístico da obra. Artista e filósofo sentem-se unidos por um apelo mútuo porque ambos são convidados a concentrar todos os esforços no pensamento da Linguagem. O propósito é discutir a conexão de Arte e Filosofia". (Carneiro, Leão. Aprendendo a pensar, 1991, v. II, p. 240) De uma maneira geral, quando se discute a relação entre Filosofia e Arte, pensa-se em termos de relações de pertinência ou de impertinência. As causas desta disjunção se deve ao fato de os filósofos considerarem a Arte como um lugar de reflexão, ou, ainda, ao fato de os artistas se monstrarem ou não alheios ao pensamento filosófico. Mas, sejam estas relações entre Filosofia e Arte de vínculo ou de separação, é possível observar, ao longo do pensamento ocidental, em seus "vários domínios do processo histórico e cultural", quer a reflexão filosófica sobre a Arte, quer a reflexão feita pelos artistas sobre a Arte; além, evidentemente de ser igualmente pensável aquela relação como uma reflexão a partir da própria Arte. Uma outra maneira de se tematizar a relação entre Filosofia e Arte diz respeito a dois grandes momentos de