Falaram que deus iria matar meus pais
Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Filho1
Resumo: Ser homossexual é pecado, abominação ou deformidade moral? Ou Deus ama a todos sem fazer acepção? Estas indagações apontam para a pluralidade de opiniões que atravessam os discursos religiosos acerca da homossexualidade e homoafetividade. Através de trabalho de história oral realizado com líderes e membros de igrejas inclusivas LGBT
(que tem pessoas que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais e travestis/transexuais como público majoritário), afloraram nas narrativas vivências traumáticas que envolviam a não-aceitação, a rejeição e a exclusão de pessoas identificadas como homossexuais, travestis e transexuais em igrejas católicas e evangélicas. Os entrevistados relataram a internalização da homofobia/lesbofobia/transfobia e momentos de angústia que transbordaram no desenvolvimento de síndromes psiquiátricas, automutilações e tentativas de suicídio. Para contemplar estas experiências, apresento parte de uma entrevista com
Josiane Ferreira de Sousa, travesti evangélica, garota de programa, cantora e líder de uma igreja inclusiva LGBT de São Paulo, a ICM (Igreja da Comunidade Metropolitana).
Palavras-chave: igrejas inclusivas LGBT – intolerância religiosa – intolerância de gênero
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Doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em História do Tempo
Presente pela UDESC. Contato: edumeinberg@gmail.com.
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“They said that God would kill me but I could not believe it”. Religious and gender’s intolerance in the story of a transvestite sex worker and gospel singer
Abstract: Being homosexual is a sin, an abomination or a moral deformity? Either God loves everyone without making sense? These questions point to the plurality of opinions that cross the religious discourses about homosexuality.