FACULDADE
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ALINE MAZZO do Agora
Em busca de descontos nas mensalidades de universidades, cada vez mais jovens de São Paulo têm se filiado à Associação dos Trabalhadores Sem Terra. A entidade tem convênio com 17 instituições de ensino superior que oferecem bolsas para os associados. O abatimento nos valores das mensalidades é atrativo: de 20% a 60%, dependendo da faculdade e do curso.
O projeto --que recebe o nome de "Educar Para a Vida"-- tem hoje 60 mil bolsistas e já conseguiu formar 10 mil universitários, em cinco anos de existência. Neste ano, o movimento estima que conseguirá colocar 22 mil novos alunos na universidade.
Sem divulgação ou publicidade, a fama do "desconto dos sem-terra" se espalha no boca a boca, principalmente entre os jovens de classe média baixa. A maioria deles trabalha, mas não recebe o suficiente para pagar uma faculdade particular.
Para se filiar à associação, não há qualquer burocracia. Basta fazer uma carteirinha --que custa R$ 1-- na sede do movimento, na Lapa (zona oeste de SP). O próximo passo é assistir a uma reunião de apresentação do projeto, com duração de quatro horas, realizada quinzenalmente em um galpão próximo à sede.
Lá, os recém-filiados são apresentados ao movimento da moradia --o carro-chefe da associação. Para motoboys, atendentes de telemarketing, office boys e recepcionistas, entre outros profissionais, o discurso dos integrantes do movimento pouco interessa. Com idades entre 18 e 25 anos, a maioria mora com os pais e tem o único objetivo de conseguir a bolsa.
A associação não barra ninguém nem seleciona com base na condição socioeconômica, como ocorre nos programas de bolsa de estudo das próprias universidades ou no ProUni, do governo federal.
Mas há uma contrapartida para garantir o desconto. Depois de matriculados, os jovens precisam frequentar reuniões mensais em uma das 47 unidades da associação na Grande São Paulo, além de pagar R$ 7 todos os meses,