fabulas
Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé dum formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento então era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas. Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas. A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém. Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu: tique, tique, tique… Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.”Que quer?”, perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.”Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu…” A formiga olhou-a de alto a baixo. “E que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa?” A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse. “Eu cantava, bem sabe…” “Ah!”, exclamou a formiga recordando-se. “Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?”
“Isso mesmo, era eu…” “Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraia e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre amiga, que aqui, terá cama e mesa durante todo o mau tempo.” A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol. (Monteiro Lobato – Fábulas, São Paulo, Editora Brasiliense, 1966
2- Circule na fábula a palavra pé.
3- Retire da fábula palavras que comece com a letra.
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