Eça de queiroz
FERNANDA DUDUCH
“O CRIME DO PADRE AMARO” NO CONTEXTO ANTICLERICAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA.
RESUMO
Analisaremos neste trabalho a influência direta das questões sociais na obra do romance-realista “O Crime do Padre Amaro". Dentre as questões surgidas nesta sociedade repleta de revoluções, destacaremos as questões religiosas. A obra em análise reflete a dominância do clero ao proletariado, e apesar da grande espiritualidade de Eça de Queirós, enxergamos a sua excelência em usar literatura como método de denúncia social. Procuramos explicitar a relação anticlerical da obra como um fator histórico e social, e não como uma opção pessoal do autor. Logo, uma ponte direta entre o contexto histórico e contexto em obra será criada. Para comprovar essa ponte direta daremos ênfase aos dogmas da Igreja que foram os mais atacados na época em questão, sendo vistos como invasores potenciais da vida privada. Usando de uma via dupla de drama e ironia, Eça nos concede o benefício do prazer da leitura e de uma grande reflexão sobre a sociedade em que se baseou e seus reflexos no mundo contemporâneo. Cabe a nós compreender plenamente as influências dessa obra para enxergá-la como o belo retrato da sociedade portuguesa.
INTRODUÇÃO
Eça de Queirós produziu aproximadamente vinte e oito obras literárias entre escritos e póstumos. Por se tratar de uma bibliografia extensa, para estudá-las de modo didático costumamos dividi-las em três fases. Sua segunda fase, iniciada com a publicação do conto “Singularidades de uma rapariga loura” , publicado em 1874, compreende sua fase realista-naturalista. Essa data compreende a explosão da Questão Coimbrã , onde intelectuais como Antero de Quental discutiam questões sociais, filosóficas e, sobretudo, literárias. A semente da questão Coimbrã gerou A Geração de