Extroversão e sensualidade dos ingredientes próprios da escola carioca
Luís Henrique Haas Luccas
“As exuberantes mulheres brasileiras ostentam pulseiras e brincos em profusão; seriam notadas mesmo que fossem encontradas em Engadina, mas é possível que mesmo lá, contra o fundo das geleiras alpinas, lhes fosse censurada uma certa pompa; se fossem vistas em Copacabana, deveríamos sem dúvida admitir que estão perfeitamente ambientadas: assim como aquelas flores cujo perfume se impregna na garganta quando se aventura pelas curvas sinuosas das montanhas que circundam o Rio de Janeiro, feitas à semelhança daquelas mulheres: sobrecarregadas, multicoloridas sensualíssimas” (2)
Parte da arquitetura moderna brasileira é usualmente qualificada como extrovertida e sensual, dois termos apropriados para designá-la, porém carentes de uma transposição mais precisa para a disciplina da arquitetura. A definição destes adjetivos constitui dois conceitos essenciais à compreensão da escola carioca e de sua conseqüente hegemonia dentro do panorama da arquitetura moderna brasileira.
No sentido amplo, extroverter-se significa voltar-se para fora, colocar-se em contato com o meio circundante. Já na acepção psicológica, de acordo com Carl
Jung, designa a “atitude do indivíduo que dirige sua energia psíquica para o exterior e, por isso, parece aberto, ávido e confiante, adaptando-se ao seu ambiente” (3). De modo análogo, o conceito de extroversão aplicado à arquitetura contém dois sentidos em sua definição. O primeiro deles qualificao do ponto de vista psicológico, como algo oposto ao tímido, ao contido ou introvertido; definindo-se, portanto, como o que é corajoso, confiante. Estas qualidades materializam-se na arquitetura moderna brasileira através de características próprias como a desenvoltura formal, que originou a expressão livre-formismo; a presença de elementos arquitetônicos que extrapolam os limites imediatos da obra, como as rampas, passagens