¿Existe uma filosofia da nossa América?
Existe uma filosofia da nossa América?
(versão revista e corrigida)
Tradução:
Nasser Kassem Hammad
Prólogo
Este livro recolhe o conteúdo substancial das exposições que fiz sobre o problema da filosofia hispano-americana em diversos centros acadêmicos e universitários do Peru, México e Estados Unidos, melhorado em muito pelos fecundos intercâmbios de idéias que se produziram por ocasião das mesmas.
Quero agradecer especialmente aqui a meu mestre José Gaos pelas muitas e penetrantes observações acerca das minhas exposições, assim como a meus colegas e amigos Carlos Araníbar, Alma e Armando Zubizarreta, os quais tiveram a gentileza de ler os originais e com suas inteligências evitaram mais de um erro de fundo e de forma, o que não implica que compartilhem as idéias que defendo ao longo dessas páginas.
A.S.B.
Lima, agosto de 1968.
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Introdução
Propomo-nos abordar aqui o problema do pensamento filosófico hispano-americano. Antes de pormo-nos à obra queremos contudo fazer alguns esclarecimentos prévios que facilitarão a compreensão e o juízo crítico de nosso trabalho.
Em primeiro lugar, desejamos deixar bem estabelecido que só nos ocuparemos do pensamento filosófico propriamente dito e, portanto, não trataremos senão indiretamente das outras modalidades do que de forma genérica se pode chamar pensamento (por exemplo, crenças religiosas, programas políticos, idéias artísticas, etc.)
Em segundo lugar – segunda restrição –, só atenderemos ao pensamento filosófico da área hispano-americana, não do americano em geral, nem sequer do ibero ou latino-americano, ainda que haja boas razões para se pensar que as conclusões do nosso estudo possam ser estendidas sem esforço para a filosofia do Brasil ou, o que é praticamente a mesma coisa ao conjunto da América Latina. Assinalemos de passagem que a maior parte dos trabalhos que nos últimos anos abordaram a problemática do nosso pensamento, assim como a da nossa cultura, empregaram com intenção específica