Evolução Urbana
MAURÍCIO DE A. ABREU
Rio, 1997
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende explicar o presente através do processo histórico que lhe deu forma e conteúdo. Mais especificamente, seu objetivo é demonstrar que o alto grau de estratificação social do espaço metropolitano do Rio de Janeiro, na atualidade, é apenas a expressão mais acabada e um processo de segregação das classes populares que vem se desenvolvendo no Rio há bastante tempo. Pretende-se, com esta pesquisa recuperar esse processo histórico, teórica e empiricamente.
Um trabalho que vise analisar o processo de evolução de qualquer cidade a partir de sua organização atual é, por definição, um estudo dinâmico de estrutura urbana. Para que evite cair no empirismo da mera descrição geográfica, é necessário, entretanto, que ele relacione - a cada momento - a organização interna da cidade com o processo de evolução da formação social. Só assim será possível integrar padrão e processo, forma e função, espaço e tempo. Tentando atingir este objetivo, o estudo aqui apresentado descreve e analisa a estrutura urbana do Rio de Janeiro, desde o início do Século XIX até o momento atual, procurando perceber, paralelamente, suas interações com os pro-cessos econômicos, sociais e políticos que impulsionaram o país nesse mesmo período.
Vários são os responsáveis pela evolução da estrutura urbana no tempo. Analisá-los todos, e de forma detalhada, seria tarefa por demais complexa para os objetivos deste trabalho. Por esta razão, e sem descuidar da ação exercida por outros agentes modeladores do espaço, resolvemos dar atenção especial ao papel desempenhado pelo Estado. Partimos da premissa que, se a estrutura atual da Área Metropolitana do Rio de Janeiro se caracteriza pela tendência a um modelo dicotômico do tipo núcleo-periferia, onde a cidade dos ricos se contrapõe àquela dos pobres, isto não se deve apenas às forças de mercado. Tal estrutura, também seria função do papel desempenhado