Evolução da imprensa
Temos um sistema em que a grande mídia se esforça para ser ética pela mesma razão que o governo e as grandes empresas o fazem: o advento de nova tecnologia torna impeditivo o controle da informação da maneira como estávamos acostumados a ver. Se no início dos anos 1970 o caso Watergate revelou um sistema de corrupção política imaginado por bem poucos em Washington, e que culminou com a deposição do presidente Richard Nixon, em 2011 qualquer pessoa minimamente conectada à internet tem condições de ver o que está acontecendo nas praças do Cairo, nas ruas de Teerã, nos subúrbios de Pequim. E o que está acontecendo? Geralmente o que não é do interesse dos governos egípcio, iraniano e chinês divulgar. A internet torna possível que milhões de pessoas (eu, por exemplo) "criem" seu próprio veículo de comunicação, garantindo maior repercussão para sua voz. O resultado é uma explosão de jornalismo de ponta e de crítica de mídia que, se antes não tinha como se manifestar, hoje parece algo mais que natural ler alguém comentando que a revista X pecou por excesso de parcialidade (sim, excesso de parcialidade!) e o jornal Y resolveu se engajar de vez na promoção de seu candidato à presidência da República abandonando por completo qualquer idéia de isenção, de interesse pelo contraditório.
Pode parecer paradoxal, mas podemos também afirmar que a grande mídia tem ajudado a tornar esta uma época de ouro do jornalismo, porque só ela dispõe dos meios para realizar grandes negócios – e de maneira consistente – com os governos federal, estadual e municipal. A escolha do modelo de tevê digital no Brasil tem as digitais da grande imprensa. A proibição do comércio de armas de fogo mediante plebiscito tem também suas digitais: que interesses a grande imprensa deseja atender quando se posiciona contra esta proibição?
Em um tempo em que o governo de plantão – seja este qual for – toma decisões calcadas em pesquisas de opinião públicas quantitativas e qualitativas