Eurocentrismo
MELLINO, Miguel. Post-orientalismo: Said e gli studi postcoloniale. Roma: Meltemi, 2009.
299p.
Pós-orientalismo aos cuidados de Miguel Mellino
Sandra Dugo*
Tradução do italiano para o português: Tatiana Fonseca Oliveira**
A complexa análise sobre o orientalismo de Edward
Said, feita especialmente no seu ensaio
Orientalismo1, e os controversos aspectos conjecturais de suas teorias, já evidenciados por alguns intelectuais, nos introduzem numa dificultosa problemática não facilmente, e nem instantaneamente, assimiláveis.
O universo fantástico do Oriente reporta-nos ao mundo da fábula, dos sonhos, contado, por exemplo, em As mil e uma noites. Podemos ainda falar de lugares distantes, de um mundo propriamente inexistente, criado pelas fantasias. De um lugar para onde os intrépidos viajadores ingleses, no final do século XIX, eram atraídos, devido ao fascínio pelo exótico e pelo 1
Esse texto foi publicado no Brasil, com o título
Orientalismo: o Oriente como invenção do
Ocidente, pela editora Companhia das Letras em
2007.
desconhecido. Mas, na realidade, se considerado somente sob esse aspecto, o
Oriente seria algo de ultrapassado, obsoleto, enquanto que, na realidade, é mais pertinho de nós do que imaginamos, porque mantém viva a sua ubiqüidade, como exemplo imediato citamos o sul da Europa, numa região da Espanha meridional: a Andaluzia.
Ali, passado e presente se encontram em confronto também nos aspectos dramáticos de um encontro-confronto entre culturas diversas. Neste contexto é natural perguntar-se qual é, por exemplo, o parecer de Said sob o efeito arquitetônico da grande Mesquita muçulmana de Córdoba, que mostra no seu interior a presença muçulmana e os ambientes da catedral católica sem nenhuma interrupção, ou seja, sem nenhum cancelamento de traços. O alternar-se de estilos diversos resultam dramático e impressionante devido ao encontro das diversas culturas: a muçulmana e a católica.