Euki
Professor colaborador da UEM e doutorando em História Social pela PUC-SP.
A África inventada.
É recorrente, nos compêndios que apresentam a ideia de uma história da civilização ocidental, o equívoco no tratamento do referencial que diz respeito ao continente africano e às suas gentes. Estes se apresentam ligados à construção de um conhecimento, cuja gênese remonta ao século XVI, quando surge o racionalismo como método que se desenvolve e se consolida mais tarde, entre a segunda metade do XVIII e a primeira metade do XIX, passando dominar o pensamento ocidental. Integra a constituição de um “saber moderno” que permeia a formulação de princípios políticos, éticos e morais, fundamentando os colonialismos do final do oitocentos.
Seus efeitos prolongam-se até os nossos dias, deixando fortes marcas na ciência humanas e, em particular, na antropologia e na historiografia sobre a África.
(HERNANDEZ,2008:17).
Significa dizer que o saber ocidental constrói uma nova consciência planetária constituída por visões de mundo, auto-imagens e estereótipos que põem um “olhar imperial” sobre o universo. Assim, o conjunto de escrituras sobre a África, em particular entre as últimas décadas do século XIX, contém equívocos, pré-noções e preconceitos decorrentes, em grande parte, das lacunas do conhecimento, quando não do próprio desconhecimento sobre o continente africano. Os estudos sobre esse mundo não ocidental foram, antes de tudo, instrumentos de politica nacional, contribuindo, de modo mais ou menos direto, para uma rede de interesses político-econômicos que ligavam as grandes empresas comerciais, as missões, as áreas de relações exteriores e o mundo acadêmico. (HERNANDEZ,
2008:17-18).
Até há pouco tempo, acreditava-se que todos os povos indígenas encontrados pelos europeus no continente americano descendiam de mongolóides vindos da Ásia. Mas um estudo apresentado em 1998 pelo