ETNOGRAFIA MUSICAL ANTHONY SEEGER
Seeger: clareza epistemológica e integração das perspectivas musicológicas
ACÁCIO TADEU DE C. PIEDADE
A tradução e publicação do artigo “Etnografia da Música”, de Anthony Seeger, é uma ótima oportunidade para refletir sobre a crescente ampliação de áreas e perspectivas para a compreensão da música. Muitas vezes estas entram em choque, ou há debates nos quais se atacam e se defendem, ou ficam recolhidas em suas províncias. O cenário muitas vezes parece o de uma arena de luta dos campos do saber, à la
Bourdieu, sendo que a música, aquela velha arte de todos os povos, acaba saindo do foco principal. É bom ler este artigo de um intelectual que, revitalizando o pensamento integrador de seu eminente avô Charles Seeger, mostra a dificuldade de se conhecer a música como totalidade e a necessidade de integração de diferentes perspectivas teóricas para atingir este objetivo.
Anthony Seeger é um nome muito conhecido na antropologia brasileira. O antropólogo norte-americano, que defendeu sua tese de doutoramento em 1974 sobre a sociedade indígena
Suyá, do Brasil Central (Seeger, 1974), trabalhou como pesquisador e professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro de 1975 a 1982.
Sua obra “Why Suyá Sing” (Seeger, 1987), assim como os diversos artigos que escreveu sobre os Suyá, são amplamente lidos no Brasil, referência fundamental na área da etnologia indígena e, particularmente, na etnomusicologia
(ver Coelho, 2007). Após trabalhar na Smithsonian Institution, Seeger é hoje professor do famoso Departamento de Etnomusicologia da
Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e vem freqüentemente ao Brasil, seja para visitar
e desenvolver projetos com os Suyá ou para ministrar conferências e participar de congressos.
Anthony Seeger acompanha com atenção a produção acadêmica brasileira, a qual conhece com profundidade (Bastos, 2003; Cohn et alii,
2008). Recém-eleito vice-presidente da Associação Brasileira de Etnomusicologia (ABET),
Prof.