Etnografia de rua
Apesar de uma presença freqüente aos lugares, na etnografia de rua o contato nasce sempre de um pedido de consentimento à interação e troca possíveis, que seguem ao reconhecimento dos movimentos, olhares, ruídos, locais, códigos e etiquetas a serem observadas e à aceitação da comunidade solicitada.
O pesquisador que vivencia a dramática da rua está sujeito a conhecer uma diversidade de micro-eventos de interação a qual ele próprio interage ou reage conforme a situação experienciada. O contato expressa o desejo de multiplicidade de troca com os nativos. Nesta interação, ele depende do domínio da língua do outro para compreender o que é dito e da atenção aos tons de meios tons, das insinuações, dos silêncios e dos não-ditos.
Segere-se aqui que os personagens do etnógrafo e do “nativo” nascem numa relação que é construída a partir de uma circunstância artificial provocada e jamais natural. A construção do contexto do encontro etnográfico nutre-se na observação constante de si e do outro, muitas vezes sob fogo cruzado da situação de interação de negociação de realidade.
O uso da fotografia ou do vídeo na perspectiva do registro dramático permite ao etnógrafo aprofundar o estudo das formas de sociabilidade no mundo contemporâneo.
O recurso do vídeo nas etnografias de rua tem nos forçado a refletir sobre o papel estratégico da imagem-movimento como parte de um processo de interpretação dos atos de destruição/reconstrução das formas de vida social nas modernas cidades urbano-industriais.