Para pesquisa no campo da fitoterapia faz-se fundamental a forma como os estudos são conduzidos, e alguns aspectos devem ser considerados, como o acesso ao conhecimento popular e o uso racional das espécies. O estudo etnobotânico consiste na avaliação da interação humana com todos os aspectos do meio ambiente, através de levantamentos nas comunidades tradicionais sobre a utilização das plantas nos afazeres diários (Souza et al., 2006). Já a etnofarmacologia baseia-se particularmente nas plantas empregadas na medicina popular, valorizando, sobretudo, conjuntamente os aspectos étnicos e culturais. Deste modo, na conduta etnofarmacológica, para interpretar corretamente uma propriedade terapêutica de determinada planta usada na medicina tradicional, é fundamental conhecer suas formas específicas de cultivo, coleta, preparo e administração (Sixel et al., 2008). Segundo Albuquerque et al. (2006), esta forma de abordagem etnodirigida consiste na seleção de espécies de acordo com a indicação de grupos populacionais específicos de plantas em determinados contextos de uso, enfatizando a busca pelo conhecimento construído localmente a respeito de seus recursos naturais e aplicação que fazem deles em seus sistemas de saúde e doença. A partir da década de 1990, houve um incremento significativo nas pesquisas etnofarmacológicas, devido à teoria de que o sucesso na descoberta de novos fármacos oriundos de fontes vegetais seria maior a partir de pesquisas etnodirigidas (Albuquerque, 2006). Alguns exemplos confirmam essa tendência. Slish et al. (1999) compararam a percentagem de confirmação da atividade biológica, nesse caso monitorada por contrações induzidas em músculo liso, apresentada por espécies acessadas de forma etnodirigida e com espécies coletadas de forma randômica. Os resultados mostraram que, pelo estudo etnodirigido, o efeito observado foi positivo para 13% das 31 amostras acessadas; enquanto que, para o estudo aleatório, nenhum efeito foi observado em 32