etnocentrismo
Diferentes atores, cenários, enredo. A história da passagem do etnocentrismo à relativização assume contornos insuspeitados. Para a Antropologia é o momento de adquirir uma autonomia que vai render preciosos resultados. Alguns nomes fundamentais para a vida da disciplina fazem sua entrada aqui. Durkheim, Malinowski, Radcliffe-Brown são pesos pesados dentro da Antropologia e das Ciências Sociais em geral. São importantes ao ponto de ninguém poder deixar de ler ao menos parte de suas obras se quiser fazer uma iniciação à Antropologia.
Todos os três, juntamente com Boas, estavam vivos para assistir a passagem do século XIX para o XX. Todos eles tinham personalidades peculiares, interessantes, controvertidas. Cada um, a sua maneira, contribuiu, e muito, para o crescimento, para a maturidade e complexidade da disciplina e, o que nos interessa mais de perto, para uma visão menos etnocêntrica e parcial do “outro”.
Vamos começar com Radcliffe-Brown porque fica mais nítido entender as ideias que vou retirar dele logo após termos visto o evolucionismo e o difusionismo.
Por mais distantes que pareçam ter sido – e eu espero que isso tenha ficado claro – evolucionismo e difusionismo tinham algo ainda em comum. Para estes dois movimentos uma mesma preocupação se fixou como questão fundamental, como um desafio permanente para o corpo teórico da Antropologia que dava seus primeiros passos. Tanto num – o evolucionismo – quanto noutro – o difusionismo – os trabalhos produzidos, via de regra, demonstravam a permanência de um tema. Era a história sempre a permear os estudos e reflexões em quase toda a literatura sobre as culturas humanas.
Não se pode dizer, no entanto, que a existência de uma preocupação com a história indicasse, nos dois movimentos, uma idêntica concepção da natureza da história. Uma mesma preocupação com a história não se confunde com uma mesma história das preocupações e, dessa maneira, evolucionismo e difusionismo trataram diferentemente o