eTICA
* Professora Efetiva de História da Educação na Faculdade de Ciências e Letras da Universidade
Estadual Paulista (Unesp – Campus de Araraquara). E-mail: carlotaboto@uol.com.br
ÉTICA E EDUCAÇÃO CLÁSSICA:
VIRTUDE E FELICIDADE NO JUSTO MEIO
CARLOTA BOTO *
(...) os seres humanos experimentam prazer compartilhando sentimentos, e sofrem quando não podem compartilhá-los... Ter bons sentimentos significa, em poucas palavras, saber comportar-se, saber o que fazer quando a dor ou a alegria nos invadem. Possuir a perspicácia e a sensibilidade suficientes para entender o que sucede com o outro, e o autodomínio e a delicadeza imprescindíveis para a exteriorização dos nossos afetos.
(VICTORIA CAMPS, Virtudes públicas)
RESUMO: O presente estudo debruça-se sobre a interface do problema educativo com a problemática da ética, compreendendo a pedagogia com a arte/ciência voltada para a busca do bem educar/instruir/ formar. Para tanto, o texto mobilizará conceitos da concepção ética da
Aristóteles; e, na atmosfera mental da Grécia clássica, recorre-se ao termo específico grego e transdisciplinar na origem: paideia. A seguir, este ensaio procura pontuar alguns aspectos da concepção iluminista a propósito do tema, valendo-se da noção kantiana de imperativo categórico, a qual teria sido precedida pelo parecer de Rousseau, segundo o qual a vontade – e não a razão – seria a marca distintiva do gênero humano no ambiente natural. A idéia de Piaget de uma ética da reciprocidade também é aqui mobilizada. Abordando diacronicamente a temática, serão analisados conceitos de autores clássicos no debate da relação entre educação e ética, com destaque para o sentido conferido por Hanna
Arendt para a autoridade como critério distintivo da relação assimétrica entre o educador (as gerações adultas de maneira geral) e os estudantes
(ou as novas gerações). Arendt defende, como conceito e pressuposto operatório, a