ETICA
ARTIGO
ESTADO
ESTADO E SOCIEDADE
MARXISTA
CIVIL NA TEORIA MARXISTA
J. Cauby S. Monteiro* // M. C. Mira Cavalero Monteiro**
RESUMO
A temática das continuidades filosóficas entre a dialética hegeliana e a dialética marxista, apesar da crise que a teoria marxista vem enfrentando nos últimos 30 anos, mostra-se ainda como um instigante exercício heurístico e filológico de compreensão de um dos clássicos das
Ciências Sociais mais violentamente atacado e religiosamente venerado por gerações de estudantes, professores, cientistas e militantes políticos. Para além das paixões e das ideologias, há aspectos ainda bastante obscuros no núcleo duro da teoria marxista principalmente no que concerne à análise da organização política e da estrutura econômica da sociedade moderna. Neste artigo retomamos o tema das relações entre Estado e Sociedade Civil a partir da polêmica ruptura e superação que obra de Marx pretensamente teria apresentado face à filosofia hegeliana.
1. INTRODUÇÃO
Há algum tempo nos sentíamos inclinados a reconstituir como surgiu em Marx, do seu ponto de vista, a intenção de proceder a uma crítica à economia política, considerando o conjunto da obra marxiana.
A interpretação estruturalista de Althusser havia estabelecido a existência de “dois
Marx”: aquele da “juventude” e um outro da
“maturidade”. O “jovem Marx” encontrar-seia ainda enredado na filosofia idealista hegeliana e só após o texto de ruptura com esta filosofia, “A Ideologia Alemã”, e o contato com a economia política teria surgido o “Marx da maturidade”. Este esquema interpretativo muito em voga até o final da década de 1970, nunca foi aceito por todos aqueles que viam no conjunto da obra de Marx continuidades, rupturas, inovações e renovações, muito mais do que apenas um grande corte epistemológico marcado pela ruptura com a filosofia hegeliana (mais exatamente com a filosofia neo-hegeliana de esquerda). Além do que, constatou-se que a própria