Etica na visão de platão
Se tomarmos como referência as lutas reivindicatórias ocorridas nas principais cidades dos países de capitalismo avançado, veremos que as lutas urbanas no Brasil exibem algumas particularidades, ainda que a problemática enfrentada seja aparentemente a mesma a desigualdade no acesso a bens e serviços de consumo coletivo. Na sociedade brasileira, uma parcela importante da classe trabalhadora é praticamente excluída de condições mínimas de acesso aos direitos à vida urbana e ao trabalho.
Tal fato tem sido atribuído a circunstâncias históricas vinculadas à forma de desenvolvimento do capitalismo na formação social brasileira. Nesta sociedade, o processo de desenvolvimento ocorreu sem a realização de transformações estruturais, inclusive as chamadas conquistas democráticas, que constituíram as pré-condições do desenvolvimento nos países euro-ocidentais. Na realidade brasileira, tais conquistas adquiriram um caráter restrito e formal, posto que a burguesia encontrasse condições de fazer com que sua implantação se limitasse à democracia política, não atingindo, assim, as condições estruturais que garantem a reprodução da sociedade comandada pelo capital.
Esta ausência de processos democráticos na história da sociedade brasileira acarretou uma forma de regulação que não leva em conta a perspectiva de universalização dos direitos sociais. A emergência e a consolide ação da burguesia, de forma subalterna ao imperialismo, e seu decorrente caráter não heroico, constituem-se em razões essenciais da não conformação do modelo de Estado de bem estar liberal democrático em países periféricos como o Brasil. Diferentemente dos países centrais, nos quais a intervenção do Estado emergiu num contexto de pressão e organização da classe trabalhadora, o que contribuiu para determinar certa distribuição de renda, no Brasil à intervenção estatal sobre a vida econômica e social surgiu em meio a uma correlação de forças sociais