Ethnographic Showcases
Ana Filipa da Fonseca Figueiredo
Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Portugal
Palavras-chave: Feiras Mundiais, Imperialismo, Evolucionismo, Identidade
Neste trabalho é analisado o texto de Raymond Corbey (1993), “Ethnografic
Showcases, 1870-1930”. O texto expõe o conceito e história das feiras mundiais ou exposições universais e a sua relação com a antropolgia no contexto da sublimação do progresso civilizacional e imperialismo. Através dos seus exemplos etnográficos expõe a violência simbólica exercida contra os menos poderosos, o “Outro primitivo” através da sua transformação em objecto de contemplação.
Este texto desvenda muitas funções subliminares que as feiras mundiais tinham, para além daquela que era legitimizada e promovida, nomeadamente a função de investigação e educação científica da população que são seguidamente enumeradas: a afirmação da hegemonia europeia e legitimização do imperialismo, comercial, disputa de poder entre as sociedades, e estabelecimento de identidade por contraste à imagem
“produzida artificialmente” do Outro ancestral contemporâneo.
To see is to know, este era o pensamento que vigorou na comunidade científica e antropologia de 1870 a 1930, através do colecionamento do Outro, seus artefactos e comportamento e a consequente exebição, este era estudado e dado a conhecer à população, no entanto, de uma forma completamente descontextualizada e, por outro lado, estratégica para as nações que a organizavam. Estas feiras e coleções rapidamente evoluiram de finalidade, inicialmente educativas, depois de entretenimento/comerciais e finalmente de propaganda imperialista.
Relativamente à primeira função subliminar supracitada, nomeadamente a legitimização do imperialismo, esta era executada através da disseminação do pensamento concordante com o Darwinismo social (com recurso às exposições e feiras mundiais, aos media e ao próprio discurso e