Do Contrato Social Investigarei se há, na ordem civil, alguma regra de administração, que seja legítima e segura, que torne os homens tais como são e as leis tais como podem ser. Dou início à matéria sem provar a importância de meu assunto. Todo homem nasce livre, mas, em toda parte se encontra sob ferros. Se eu considerasse sã a força e o seu resultado, diria: Um povo que é forçado á obedecer e obedecer, faz bem; mas,tão logo ele possa sacudir o jugo e o sacode, faz ainda melhor; a ordem social serve de alicerce a todos os outros, pois é um direito sagrado. Não provém esse direito da natureza, mas, todavia, está fundamentado nas convenções. A família se tornou o primeiro modelo das sociedades políticas, sendo que, o chefe representa a imagem do pai, o povo representa os filhos, e sendo todos estes nascidos livres e iguais, não cedem sua liberdade a não ser em proveito próprio. Grotius nega que todo poder humano seja estabelecido a favor do povo. Seus raciocínios consistem sempre em estabelecer o direito pelo fato. Segundo Grotius,causa duvidas se o gênero humano pertence a uma centena de homens,ou se esta centena de homens é que pertence ao gênero humano;o imperador Calígula,no relato de Fílon, raciocinava desta maneira.Os reis eram deuses,ou que os povos eram animais. Portanto, se há escravos pó natureza, é porque houve escravos contra a natureza, pois a força constituiu os primeiros escravos, mas a covardia os perpetuou. Para que o mais forte continue a ser sempre o senhor, terá que transformar essa força em direito e a obediência em dever. Assim que possa desobedecer impunemente, pode-se fazê-lo legitimamente, e, uma vez que os mais forte sempre têm razão, trata-se de cuidar de ser o mais forte, a força não faz direito, e só se é obrigado a obedecer às autoridades legítimas. Sendo que o homem não possui autoridade natural sobre seu semelhante, e que a força não produz nenhum direito, restam, pois as convenções como base de toda