Estudo
INCIDÊNCIA DO DISTÚRBIO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO EM
MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Desirée da Cruz Cassado
No Ano 2000, a cidade de São Paulo registrou o que estatísticas vêm demonstrando há alguns anos: o aumento significativo dos casos registrados de violência contra a mulher. Nesse ano, segundo o Pró-Aim - órgão da prefeitura que contabiliza e classifica as mortes de moradores do município - o assassinato transformou-se pela primeira vez na principal causa de morte entre mulheres de 10 a 49 anos. Registraram-se 373 assassinatos de mulheres jovens (Psi - Jornal de
Psicologia, CRP/SP, jan./fev. 2002). Segundo Araújo (1998), os relatórios do Movimento nacional de
Direitos humanos referentes aos anos de 1995 e 1996 sobre ocorrências noticiadas em 17 estados da federação demonstram que, dos 997 casos de homicídios cujos acusados forma identificados,
352
deles
(35,3%)
eram
de
vítimas
mulheres
que
tinham
relações
de
parentesco
(esposa/companheira) com o acusado.
Dados coletados e analisados pelos autores Oliveira, D. D. Geraldes, E. C.& Lima, R B. (1998) indicam claramente esta relação de parentesco. Foram reunidas informações sobre os homicídios ocorridos entre 1995 e 1996 e, abaixo, observamos a relação das vítimas mulheres com os acusados: Relação com o acusado Companheiro e exConhecido companheiro Parentesco
Desconhecido
Total*
Absoluto
660
146
161
27
994
Percentual
66,29
14,79
16,19
2,71
100,00
Fonte: Banco de Dados MNDH - *Total de acusados onde consta a informação
Há algum tempo estudos acadêmicos vêm demonstrando, com fortes evidências empíricas, de que a casa, diferentemente da representação social e política dado ao núcleo familiar, é um espaço de conflitos, tensões e negociações cotidianas. O crime familiar ou o homicídio que consiste na morte de um membro da família causado por outro membro é muito comum: "há mais perigo de ser
morto