Estudo Drigido
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Falta quem pensePorque as lições de Hannah Arendt também valem para o Brasil
por Mino Carta — publicado 09/08/2013 09:05
Certo dia alguém perguntou a Hannah Arendt, a pensadora judia, se gostava do seu povo. “Não - respondeu -, gosto é dos meus amigos judeus.” Tratava-se de uma cidadã muito corajosa, pela ousadia de conduzir sua inteligência pelos caminhos da independência.
O pensamento de Hannah Arendt sempre me atraiu e foi dela que furtei a expressão “verdade factual”, cuja busca é fundamento do jornalismo. Nem bom, nem mau, jornalismo, e ponto. Digo, aquele que a mídia nativa não costuma praticar.
Entra em cartaz um filme de Margarethe von Trotta, a cineasta alemã, intitulado Hannah Arendt. E lá vou eu, devidamente que enriquece a reportagem, mas não tentem explicar o conceito aos editores dos nossos jornalões e revistões.
A escritora aceita a tarefa insólita, e viaja a Jerusalém, onde a esperam velhos e queridos amigos. Von Trotta insere na sua filmagem trechos do documentário realizado durante o processo, e sabe escolhê-los, de sorte a expor a personalidade do réu a bem da fluência do enredo.
Passa-se um tempo antes que Hannah, de volta a Nova York, onde vive e leciona, passe à escrita. Uma demorada reflexão obriga-a a um penoso exercício de espeleologia interior, à caça do verdadeiro rosto de Eichmann. Quem é ele? Um homem que não pensa, conclui a filósofa-repórter, algo assim como um autômato. E esta é verdade factual.
Burocrata zeloso, Eichmann incumbe-se da inexorável pontualidade dos trens que carregam dezenas de milhares de judeus para os fornos crematórios, assim como faria se em lugar de seres humanos houvesse gado, ou cães raivosos. Ele executa ordens sem inquirir a sua consciência a respeito de coisa alguma, com obediência robótica à vontade do Führer. Desta investigação alma adentro de um criminoso exemplar nasceria uma das obras mais notáveis de Hannah Arendt, A Banalidade do Mal.
A nação judia entendeu que uma