Estudo de caso Camaçari
A cada 82 segundos, um carro sai da linha de montagem da Ford, em Camaçari, na Bahia, “menos tempo do que uma baiana precisa para fazer uma acarajé”, como dizem alguns funcionários da empresa. A fábrica não pára, trabalha 24 horas por dia em três turnos e despeja anualmente 250 mil unidades de três modelos de sucesso: o Novo Fiesta, o Novo Fiesta Sedan e o Ecosport. Aos olhos dos dirigentes mundiais do grupo, trata-se de uma referência, seja pela modernidade de seus equipamentos, seja pelo conceito arrojado de produção. Na visão dos executivos brasileiros é isso tudo e mais um pouco. Para eles, o Complexo Industrial Camaçari, como é pomposamente chamado, transformou-se na fábrica que salvou a empresa no Brasil. Quando o primeiro veículo deixou a linha de produção de Camaçari, a Ford começou a reverter um longo processo de decadência, que a mantinha permanentemente mergulhada em boatos sobre sua saída do País. “Para superar esse quadro, precisávamos de fábricas altamente produtivas, baixo custo e produtos novos”, afirma Antônio Maciel Neto, presidente da Ford para a América do Sul. “Camaçari nos trouxe esse tripé de sucesso. Atingimos em quatro anos a meta prevista para seis anos.”
Hoje, mais de 60% das vendas da subsidiária brasileira saem de lá. À medida em que a fábrica ocupava rapidamente sua capacidade, o desempenho da empresa melhorava sem parar. Em 2001, o balanço da companhia na região encontrava-se tingido de vermelho. Naquele ano, para um faturamento de US$ 2,2 bilhões, a Ford perdeu US$ 511 milhões. Nos primeiros nove meses de 2005, a situação é outra. O faturamento bateu em US$ 3 bilhões e o lucro acumulado somou US$ 261 milhões. “Já contabilizamos 21 meses consecutivos de resultados positivos”, afirma Maciel. São quase dois anos no azul, o que estancou uma sangria iniciada em 1987, quando a Ford uniu-se no Brasil à Volkswagen e criou a Autolatina. Desde então, a participação de mercado da companhia minguou. Era mais de