Estudo de Carga de Doença
Introdução
A estrutura etária da população brasileira vem passando por mudanças profundas e aceleradas, decorrentes da redução da mortalidade e da fecundidade. Como consequência, estão ocorrendo o aumento da expectativa de vida e a diminuição da natalidade. Essa dinâmica propicia o aumento, em números absolutos e relativos, da população idosa (60 anos e mais de idade) e a redução progressiva da população jovem. Como a fecundidade vem decaindo mais rapidamente do que a mortalidade, a tendência é a de incremento continuado do segmento de idosos na população e o decréscimo da população como um todo (Wong et al, 2.009).
Esse processo caracteriza uma transição demográfica que se soma a outras como a dos padrões nutricionais, traduzidos pela redução da prevalência da desnutrição proteico-calórica e o crescimento da obesidade, associado a hábitos de vida pouco saudáveis, alem do ritmo acelerado e desordenado da urbanização, com os seus fatores estressores (Meira e Bahia, 2.010).
Essas mudanças amplificam as chances de ocorrência de doenças de condições crônicas. Essas doenças, em geral, têm duração longa ou indefinida e o resultado do tratamento nem sempre é a cura, é o cuidado (Mendes, 2.011). Incapacidades físicas e psicológicas, temporárias ou permanentes podem ocorrer com prognósticos incertos (Holman e Long, 2009). Por sua vez, a atenção a essas doenças resulta em mudanças no padrão de utilização dos serviços de saúde e aumento de gastos decorrentes, sobretudo, da incorporação tecnológica para o seu tratamento e recuperação (Schramm, 2 004).
Esse cenário epidemiológico não é evidenciado suficientemente por indicadores de mortalidade apenas. Muitas das condições crônicas, altamente incapacitantes, não são reveladas em estudos de mortalidade. Indicadores de saúde precisam capturar ganhos não apenas na quantidade de anos vividos, mas também na qualidade de vida que é extremamente afetada pelas