estudante
Junho de 2011
Conhecer para resolver a cidade ilegal
(Erminia Maricato)
No início do século XXI, quando 82% da população do país são urbanos, a imagem das cidades, especialmente das metrópoles, se apresenta bastante diversa daquela de 60 anos antes. Violência, enchentes, poluição do ar, poluição das águas, favelas, desmoronamentos, infância abandonada etc. A sociedade apenas começa a se dar conta de que o avassalador processo de urbanização foi acompanhado da modernização no modo de vida, no ambiente construído, nas comunicações, sem deixar, entretanto, de reproduzir seu lado arcaico. Isto é, a modernização e apenas
Há uma relação biunívoca entre esse moderno e esse arcaico. Os aparelhos eletroeletrônicos chegam às favelas antes da unidade sanitária completa. A relação de favor e o clientelismo continuam a mediar as relações sociais, como há séculos. A aplicação da lei se subordina às relações de poder. A questão fundiária urbana é um nó não desatado, como sempre o foi no campo, ao longo dos séculos
Durante os anos 80 e 90, sob novas relações internacionais, a desigualdade se aprofunda. O desemprego cresce e as políticas sociais recuam. Aumenta a população de rua e o número de crianças abandonadas.
A maior novidade esteja na explosão de um novo tipo de violência: a chamada violência urbana. Alguns indicadores sociais continuam a ter uma evolução positiva desde os anos 40. Entre os mais importantes podemos citar a queda da mortalidade infantil e o aumento da esperança de vida ao nascer. Mas, nos anos 90, a relação entre habitat e violência é dada pela segregação territorial. Regiões inteiras são ocupadas ilegalmente, não há lei, não há julgamentos formais, não há Estado. À dificuldade de acesso a os serviços de infra-estrutura urbana (transporte precário, saneamento deficiente, drenagem inexistente, difícil acesso aos serviços de saúde, educação, cultura e creches,maior exposição à ocorrência de enchentes e desabamentos)