estudante
M.C.T., 28 anos, comparece para atendimento de urgência em um pronto socorro, trazido por viatura policial por estar “gritando pelo meio da rua e correndo em círculos” após ter agredido uma senhora. Não portava documentos. No momento do atendimento, apresenta-se com cabelos desgrenhados, odor desagradável, dentição revelando péssimo estado de conservação, olhar assustado, movimentando-se de forma repetitiva ( de um lado para o outro) , esfregando as mãos uma na outra. Muito emagrecido, aparentando desnutrição. Pouco tempo após iniciar entrevista, o mesmo se dirige para a porta da sala, começa a gritar : “ você pensa que vai me matar? Eu vou correr e você não vai conseguir me alcançar”. Ao ser indagado a quem ele estava se dirigindo, diz que está conversando com um “canibal” e o descreve como um “negão” muito alto e com dentes enormes. Relata ouvir constantemente esse “canibal” falando que vai mata-lo. Após 10 minutos se acalma e fala que quer ir embora dali. Pensa estar em um “terreiro de macumba” e não sabe dizer o dia da semana nem o mês. Fala seu nome e sua idade, que depois foram confirmados quando conseguiram localizar um antigo prontuário deste paciente, pois o mesmo já havia dado entrada várias vezes no hospital. Não consegue responder à todas as perguntas, mesmo as mais elementares, a todo tempo fica olhando ao redor e pede para o entrevistador repetir a pergunta várias vezes. Em determinado momento, ignorando a pergunta anterior, diz que vai embora pois está ali na sala “há vários anos”. Começa a apresentar o olhar essustado e diz estar sentindo “ a lâmina da morte no seu pescoço”. Subitamente tenta agredir o examinador, gritando muito e dizendo que não vai deixar que o levem sem antes lutar pela sua vida. Nesta ocasião o paciente é contido por membros da equipe. Em seguida começa a chorar e a se perguntar quem é ele e onde está.