Estudante
O que nos faz identificar como brasileiros é nossa memória nacional, que ao longo do tempo foi sendo moldada e negociada. Esta negociação tem por objetivo conciliar a memória coletiva, ou nacional, com as memórias individuais. As memórias individuais nem sempre concordam com as memórias coletivas, e as discordantes são chamadas de memórias subterrâneas, que são as memórias das minorias ressaltadas pela histórias oral. As memórias das culturas minoritárias, os dominados, concorrem com a memória coletiva nacional, os dominadores, e as primeiras acentuam o caráter destruidor e uniformizador que a memória nacional exerce sobre ela. As memórias subterrâneas então, continuando seu trabalho subversivo e silencioso, afloram em momentos de crises para causar a disputa entre as memórias.
É nesse contexto que o tema da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro se insere. A Comissão promove a disputa entre a memória nacional e as memórias subterrâneas dos torturados e desaparecidos do período ditatorial. Com o objetivo de reconstruir a história, dezenas de depoimentos tem sido proferidos diante de câmeras e de jovens que procuram conhecer com exatidão a sua história e a de seu país para “buscar nas suas origens a origem de suas pesquisas”. Com o intuído de quebrar e levar a ruina e história existente para com os depoimentos e relatos do período fazermos uma revisão da memória coletiva e construirmos uma nova memória, calcada na união das memórias nacionais, e das individuais dos brasileiros que sofreram durante esse período de ditadura. Os depoimentos são a oportunidade dessas pessoas colocarem pra fora os ressentimentos acumulados por anos e quebrar silêncio que foi criado por diversos motivos, e uma vez quebrado o silêncio, as memórias subterrâneas conseguem invadir o espaço público e assim reivindicações múltiplas tomam partido nessa disputa.
Manter o silencio para essas pessoas cria nelas um sentimento de não pertencimento ao grupo, àquela