Estigma
No discurso sociológico, o conceito de estigma assume quase sempre o significado que Erving Goffman (1922-82) lhe atribuiu na obra Stigma - Notes on the Management of Spoiled Identity, de 1963. O termo estigma, entre os antigos gregos, designava "sinais corporais com os quais se procurava evidenciar alguma coisa de extraordinário ou de mau acerca do estatuto moral de quem os apresentava"; tratava-se de marcas corporais, feitas com cortes ou com fogo, que identificavam de imediato um escravo ou um criminoso, por exemplo. O conceito atual é mais amplo; considera-se estigmatizante qualquer característica, não necessariamente física ou visível, que não se coaduna com o quadro de expectativas sociais acerca de determinado indivíduo. Todas as sociedades definem categorias acerca dos atributos considerados naturais, normais e comuns do ser humano - o que Goffman designa por identidade social virtual. O indivíduo estigmatizado é aquele cuja identidade social real inclui um qualquer atributo que frustra as expectativas de normalidade.
Goffman distingue três tipos de estigma: as deformações físicas (deficiências motoras, auditivas, visuais, desfigurações do rosto, etc.), os desvios de carácter (distúrbios mentais, vícios, toxicodependências, doenças associadas ao comportamento sexual, reclusão prisional, etc.) e estigmas tribais (relacionados com a pertença a uma raça, nação ou religião).
Do ponto de vista da Sociologia, e particularmente da corrente interaccionista simbólica, interessa sobretudo analisar as relações que se estabelecem entre os estigmatizados e os "normais". Os contactos sociais com o portador de um estigma tendem a enfermar de insegurança e dificuldades de diverso cariz - por exemplo, não saber como reagir, se olhar ou não diretamente para o defeito visível, se auxiliar ou não a pessoa, se contar ou não uma anedota acerca desse "tipo" de pessoa. Qualquer que seja a conduta adotada, por ambas as partes, haverá, muitas vezes, a