Estamira
Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro),
Estamira surgiu de conversas que giravam em torno, principalmente, dos temas trabalho e consumo. Estamira representa o lado sombrio de uma sociedade pobre de afeto. Seu delírio tem uma história individual, percebemos que algumas características nos uniam, como, por exemplo, a necessidade/vontade de exercer uma atividade que não nos submetesse a determinadas situações de trabalho das quais discordamos.
A denúncia de Estamira nos obriga a questionar posições consolidadas, e faz as pessoas viverem na ilusão e acreditar em coisas que não existem. Ela é tida como louca, mas conhece a realidade perfeitamente pela classe dominante, que só quer comprar dos indivíduos em quanto possibilitados sua força de trabalho.
Estamira questiona, instiga, dismistifica e, ao mesmo tempo, fornece elementos para a construção de um mundo melhor para todos através da compreensão de que as pessoas são iguais e, portanto, deveriam ter as mesmas oportunidades. O tom da fala inconstante, construída, muitas vezes, às avessas pela protagonista, dá a temperatura exata de seu íntimo e revela o universo de informações da mulher que confunde-se com o lixo produzido pela sociedade. Para um expectador desatento o documentário pode provocar o riso e a percepção errada da mensagem que Estamira quer transmitir.
Estamira tem visão política, refere o comunismo como única saída para a solução das desigualdades sociais, afirma que trabalho não deve significar sofrimento e resgata a história afirmando que: "a Isabel (a princesa) libertou os escravos e deixou eles sem trabalho. Soltos que nem bicho. Disfarçados de gente livre. Mas nós, eu sei, somos todos escravos"
A invisibilidade é uma das formas de exclusão mais sutis e perversas na sociedade contemporânea, para uma sociedade que só vê o quer enxergar.
Sabemos que existem muitas pessoas que vivem de lixões, porém como não