Est Ria

Amanhecia e tudo parecia como antes, atitudes normais, até mecânicas para ser mais verdadeiro, a certeza de um dia como outro qualquer, João tinha um semblante sempre serio mas com a postura de que : se foi assim que Deus escolheu –aceito, contentava-se . a medida que as horas passavam esperando o ônibus para seu trabalho , sua testa foi enrijecendo, começou sentir uma sensação nova ,parecia que ir ter um ataque ou coisa parecida , já que nunca experimentou o gosto da doença grave. Foi agachando até sentar no fio da calçada no ponto de ônibus, estranho – não morrera , mas sentia que algo estava para acontecer em sua vida, pensou nos filhos e na mulher, que alias foi sua companheira em todos aqueles anos e ele nunca conseguiu fazê-la sonhar e nem mesmo tinha lhe perguntado “qual seu sonho”, queria voltar para casa naquele instante e abraça-la , contar sua historia ,seus medos sua angustia e tentar liberar o sonho de seu grande amor.

Sentado no chão frio, olhou suas mãos e notou pela primeira vez que estava velho , mãos calejadas mas firmes, embora naquele momento tremessem, seu campo de visão começou a diminuir um forte dor na nuca e chega portanto a escuridão, a sensação era boa , seu corpo parecia sem incomodo algum nem aquela dor nas costas que sempre o perseguia, não sentia mais, naquele instante abriu os olhos e notara que tinha voltado no tempo enxergou ele mesmo quando menino, pés descalços correndo na rua de chão batido com a bola nova de um amigo seu, gostou da cena, lembrou do Pirica seu primeiro amigo e que amigo, aquela cena parecia um filme – que estranho ,- essa é minha vida, “tenho certeza”sou eu que faço o gol agora, GOOOOLLLLLLLL era o Pirica gritando e correndo para abraçar João , viu eu falei é a minha vida!!!! Como num picar de olhos está noutra cena , sentado à mesa João olha para o copo a sua frente, Pai , mãe e irmão mais velho , Aliás , bem mais velho , a propósito seu segundo herói pois o primeiro era seu pai. Olhos vidrados naquele