Esquerda e Direita
Mas para Bobbio, “esquerda” e “direita” Parte da constatação de que os homens, por um lado, são todos iguais entre si; de outro, cada indivíduo é diferente dos demais. Os que consideram mais importante, para a boa convivência humana, aquilo comum que os une, em uma coletividade, estão na margem esquerda e podem ser corretamente chamados de igualitários. Os que acham relevante, para a melhor convivência, a diversidade e/ou a competitividade, estão na margem direita e podem ser chamados de igualitários.
Ou seja, são de esquerda as pessoas que se interessam pela eliminação das desigualdades sociais. Já a direita insiste na convicção de que as desigualdades são naturais e, enquanto tal, não elimináveis. A direita confia que as desigualdades sociais possam ser diminuídas à medida que se favoreça a competitividade geral; minimiza a proteção social e maximiza o esforço individual. A esquerda prioriza a proteção contra a competição social. Na escolha entre a competitividade e a solidariedade, prioriza esta última.
A nossa paisagem política é herdeira desta história. Continuamos a colocar o socialismo na esquerda e o conservadorismo na direita. Tendemos a colocar o liberalismo na direita quando acentuamos a relevância que este dá à propriedade e ao mercado. Mas temos também consciência de que o liberalismo está antes à esquerda sempre que se opõe ao gosto pelas hierarquias e pelas tradições que é próprio do conservadorismo. Portanto, a direita pode ser conservadora e/ou liberal e a esquerda pode ser socialista e/ou