Esperança
Este artigo desenvolve três modelos de relacionamento com o sobrenatural. Primeiramente, o ritual de aposta, pelo qual o indivíduo se assegura de ter feito o que era possível fazer para evitar um perigo. A natureza detalhada da preparação do ritual é essencial, assim como a rede social que se tece ao redor do rito. Segundo, focaliza a relação de troca com o sobrenatural, mediada pelo shaman, que é aquele que detém os segredos do procedimento e a confiança dos "clientes". Terceiro, trata das relações de troca representadas pela religião popular católica e explica que todas as religiões "mundiais" (judaísmo, cristianismo, islamismo) se edificam sobre uma dialética do erudito com a religião popular. Tudo isso como introdução à análise do pentecostalismo e do neopentecostalismo, que representam formas inusitadas de religiosidade, nas quais o sobrenatural está presente. Mas a troca é com a Igreja, não com entidades sobrenaturais. A Igreja funciona mais como um "Pronto-Socorro Espiritual" do que como um lugar de construção de uma ordem moral ou como lugar em que os humanos fazem as pazes com Deus. O pentecostalismo faz parte de uma tendência ocidental que deixa as religiões includentes (católica, anglicana) em estagnação, enquanto as mais excludentes, aquelas que requerem muito sacrifício dos seguidores, ganham terreno.
A esperança, do mesmo modo que seu irmão gêmeo, o desespero, é obviamente uma emoção humana duradoura e generalizada, e uma característica comum à religião, em suas inúmeras formas, é certamente a de que ela é procurada por pessoas em busca de esperança e de alívio para o seu desespero. Mas a religião se transforma, e argumentarei nas páginas seguintes que, ao se examinar alguns dos modos pelos quais a religião responde ao desespero e proporciona esperança, possibilita-nos aprender sobre como ela está mudando de maneira fundamental.
Apesar da variação aparentemente imensa do que se toma como religião, de um modo intuitivo, e apesar da