Memória de Combates da Revolução de Trinta em Santa Catarina
A despeito do “mais amargo dos esquecimentos que é o silêncio da história”
Karla Leonora Dahse Nunes1
Povo de Florianópolis. Cidadãos e Soldados:
A verdade sobre a Revolução é esta: O Exército Liberal avança vitorioso em todas as frentes. Todo o Rio Grande do Sul toma armas pela causa regeneradora.
O Exército e o povo, irmanados, comungam o mesmo ideal.
O Paraná está integralmente solidário conosco. Todas as forças ao Sul convergem para a fronteira de São Paulo e já penetraram nas suas divisas. O batalhão naval aderiu em Joinville. [...] À exceção de Florianópolis, todo este Estado caiu em poder das nossas tropas. [...]Este é o momento de cada um aumentar o patrimônio familiar e racial com novos triunfos e novos sacrifícios.
Os que perdem esta oportunidade de penetrar na posteridade terão mergulhado para sempre no mais amargo dos esquecimentos que é o silêncio da história.
Catarinenses, filhos de Florianópolis, vós não podeis derramar o vosso sangue contra aqueles que defendem a vossa liberdade, que se batem pelo Brasil e que sabem morrer pela pátria em comum. [...] Escutais o brado de libertação que ressoa do Chuí às divisas de São Paulo, em cujas terras vibra já o clarim da alvorada redentora e onde já cintilam as armas da liberdade. Catarinenses, filhos de Florianópolis.
Pela Revolução.
Pelo Brasil.
Pela Pátria
O texto em epígrafe foi extraído do panfleto intitulado “Conclamação ao povo” (Arquivo OA, CPDOC/FGV), lançado por aviões sobre Florianópolis e Laguna pelas Forças Revolucionárias2 em 14 de outubro de 1930. A justificativa era “avisar” a população, mas a intenção, talvez, estivesse para além disso - atemorizar ao povo e, com isso, forçar ao governador do estado (à época dizia-se presidente de província) a desistir da “louca resistência” à Revolução e a perseguição aos revolucionários.
Para os revolucionários a resistência do governador tornou o estado de Santa Catarina