Escrita Hoje
Por esses dias, em uma conferência sobre redes sociais digitais para alunos de Jornalismo, ouvi um especialista afirmar que a comunicação vai se basear cada vez mais na imagem. Um truísmo aparentemente confirmado pela quantidade de alunos com máquinas fotográficas para cá e para lá no auditório e pelo número reduzido de futuros jornalistas com blocos de anotações.
Embatucado, cheguei em casa e fui direto ao livro A Filosofia da Caixa Preta – Ensaios para uma futura filosofia da fotografia, de Vilém Flusser. O filósofo argumenta que, no início da história, as imagens produzidas para representar o mundo esgotaram a própria capacidade de traduzi-lo, dando lugar à escrita, que também se esgotou – não sem antes, porém, permitir o desenvolvimento da ciência. O que, por sua vez, permitiu a criação das máquinas fotográficas e de ferramentas digitais que “consertam” as imagens. E que, de repente, vivemos o “eterno retorno” a que se referem os místicos.
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Presumindo, portanto, que passamos por uma espécie de redenção da imagem e que a coisa caminha para o desenvolvimento natural de outras formas de escrita – tão mais “precisas” quanto as imagens digitais na comparação com os desenhos –, podemos “inimaginar” o que vem por aí.
Meu incômodo,