ESCRAVIDAO
26 de outubro de 2009
Entre janeiro e setembro deste ano, o número de pessoas encontradas trabalhando em condições análogas à escravidão em áreas rurais cresceu mais nas regiões Sudeste e Sul do país, justamente onde o agronegócio avança.
Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram resgatadas no período 743 vítimas em propriedades do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Em comparação com o total de libertados nos anos de 2007 e 2008, o número é quase 40% superior.
É a primeira vez que a região lidera o ranking do trabalho escravo. Estados do Norte e Nordeste, onde historicamente os números são superiores, registraram queda. No total, 2.568 pessoas foram libertadas entre janeiro e setembro, em 101 operações do Grupo Especial de Fiscalização Móvel do ministério. Em igual período do ano passado foram 3.669 libertados, em 107 ações.
Para a Comissão Pastoral da Terra (CPT), os números de libertados no Sudeste e no Sul do país mostram que o crescimento econômico não acaba com a exploração da mão de obra escrava. "Observamos que onde o agronegócio vai de vento em popa o trabalho escravo avança", diz frei Xavier Plassat, coordenador da entidade.
No caso da região Sudeste, o aumento do número de libertados decorre da descoberta de 361 pessoas exploradas em plantações de cana-de-açúcar no Rio de Janeiro e de 284 em Minas Gerais. Em São Paulo - onde as ocorrências crescem nas plantações de laranja - foi realizada apenas uma operação com o resgate de 17 vítimas.
Escravidão avança na citricultura
O Ministério Público do Trabalho (MPT) afirma que o trabalho escravo nas plantações de laranja é um problema crescente em São Paulo. O estado responde por 80% da produção de laranja no País. Em 2007, dos 18,6 milhões de toneladas produzidas, 14,9 milhões foram em propriedades paulistas. A cana-de-açúcar, antes o principal foco da atuação dos grupos de fiscalização, deixou de ser a maior