Erva-mate.
Com o preço da erva em alta, o mate está mais amargo - Campo e Lavoura - Economia - Zero Hora
Zero Hora
O valor da tradição 05/04/2013 | 23h31
Com o preço da erva em alta, o mate está mais amargo Preço do quilo aumentou 58% nos últimos cinco anos e pesa nas contas do consumidor
Thaís (E) aguarda diariamente o início das mateadas de Eloísa na sede da OAB
Foto: Adriana Franciosi / Agencia RBS
Chimarrão, mate, chimas... Todo mundo tem um jeito carinhoso de falar sobre a bebida -símbolo dos gaúchos. Em uma roda de chimarrão não existem diferenças de classes sociais, credos e, até mesmo, times de futebol. Sim, a grenalização de todos os assuntos não sobrevive a uma boa mateada. Porém, o velho e bom companheiro do início da manhã e finais de tarde agora ficou mais amargo.
Nos últimos cinco anos, segundo dados do Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe/UFRGS), o preço da erva-mate subiu 58% em
Porto Alegre. Somente em 2012, o valor aumentou 12,1%. O alto custo da produção fez com que o sabor amargo fosse direto para o bolso do consumidor, que acaba buscando alternativas para não perder o hábito do chimarrão.
Nascido em São Borja, o vigia Aparício Ferreira dos Santos, 52 anos, orgulha-se do hábito de matear todos os dias. Aos oito anos de idade já fazia o próprio chimarrão na companhia de seus 14 irmãos. Pilchado, carregando uma mala de garupa, bigode alinhado, Aparício é a figura típica do gaúcho do pampa. Fala mansa, sotaque carregado, nem parece se incomodar com o barulho ensurdecedor dos açougues do
Mercado Público. Pelo contrário, aquilo parece música para os seus ouvidos.
Morador do bairro Navegantes, na zona norte de Porto Alegre, Aparício consome de quatro a cinco quilos de erva-mate por mês. Há muitos anos opta por comprar erva a granel – quando o consumidor pode definir a quantidade que vai levar – nas bancas do Centro da Capital.
– É a opção mais barata. Venho duas vezes por mês para repor o estoque –