Era Vargas
A influência das políticas populistas no sindicalismo brasileiro
Mirta Lerena Misailidis*
RESUMO. No contexto de uma futura reforma sindical, a autora examina a influência da política populista sobre o sindicalismo brasileiro a partir da década de 1930, quando houve uma transformação substancial na constituição da classe operária brasileira. A idéia de que cabe ao Estado tutelar as organizações dos trabalhadores continua presente no cenário sindical, especificamente, a corrente que defende a unicidade sindical - os trabalhadores precisam para organizar-se, de estímulo externo-e esse impulso só pode provir do Estado.
Palavras-chave: Populismo. Sindicalismo de Estado. Reforma sindical. Introdução
Segundo nos informa Ferreira (2001, p. 111), as palavras populismo e populista não eram utilizadas na linguagem cotidiana do país, mas a partir de 1945, quando Getúlio Vargas e João Goulart eram considerados líderes populistas não representavam nenhuma ofensa.
Entretanto, apesar das críticas, a expressão populismo passou a fazer parte da linguagem corrente da população. A mudança do modelo econômico da industrialização substitutiva das importações nos projetos de infra-estrutura, estradas, portos, transporte e da indústria siderúrgica impulsionou os setores industriais que produziam de bens de consumo. O que resultou no surgimento da classe operária urbana, marcada pelo individualismo, devido a sua origem rural, sem cultura associativa. Doutora em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora do
Programa de Pós Graduação em Direito da Universidade de Piracicaba- UNIMEP.
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Verba Juris ano 6, n. 6, jan./dez. 2007
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A partir da década de 30, houve uma transformação substancial na constituição da classe operária brasileira, decorrente do ingresso da mão-de-obra nacional. E no desenvolvimento da política intervencionista do Estado no plano econômico e nos conflitos sociais e políticos. Essas medidas passaram a ser as alternativas para