Era do Rádio e domínio de enclave da capital cultural do Brasil
Na chamada Era de Ouro do rádio, a então capital da República reforça a sua posição como capital “cultural” do Brasil. O “controle da fala”, surgido na Rádio Nacional do Estado Novo, e depois permanecendo na própria emissora durante uma boa parte do período da chamada democracia populista, tem sua contrapartida nos modelos de financiamento da mídia eletrônica brasileira.
A regulação, ou a falta desta, nota-se no ramo privado, quando a complexa corporação de Chateaubriand faz-se valer de mecanismos de financiamento a fundo perdido (bastante “heterodoxos”), da possibilidade de importação de transmissores potentes para a época e do não desenvolvimento de indústria nacional para o setor.
Caparelli cita que, no Brasil, o rádio atuou como um mediador dos discursos das classes hegemônicas para as demais classes da sociedade (Caparelli, 1986). Por meio de tais discursos, a manutenção de um modelo que favorecia a uma determinada classe em detrimento dos demais estratos sociais foi justificada e protegida, graças aos esforços de desvio de atenção de problemas nevrálgicos do modelo adotado. Há de se considerar, ainda, o fato de que:
Muitas emissoras de rádio AM brasileiras, ainda hoje, se caracterizam por exercer o papel de canalizadoras das demandas populares através de programas comandados por radialistas, muitos dos quais, têm se transformado, com sucesso, em políticos profissionais [...]. Mais recentemente, o jornalismo de televisão vem também assumindo esse papel de canalizador de demandas através do chamado “jornalismo comunitário” (Lima, 2009: p. 23).
No momento do ápice da comunicação radiofônica, o modelo concentrador privado com auspício estatal surge e consolida-se. O binômio mídia impressa (jornal e revista) e rádio, somado aos fundos estatais e à intervenção política direta, faz dos Diários Associados de Assis Chateaubriand um modelo concreto de liderança no oligopólio.
Chatô, como era