Equipamentos Culturais em São Paulo
Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública1
Isaura Botelho2
A se considerar a cidade de São Paulo do ponto de vista da distribuição de equipamentos públicos e privados de cultura, poderíamos dizer que o quadro que se apresenta não é surpreendente. O que se revela é uma cidade desequilibrada onde há uma baixa correspondência entre crescimento urbano e a distribuição dos equipamentos culturais (ver mapa 1). A tal desequilíbrio na distribuição pelo espaço da cidade, devemse acrescentar outras formas de geração de diferenças no uso destes equipamentos, pois há outros fatores decisivos na definição do seu uso por parte da população, vizinha ou não, de algum teatro, museu, cinema ou centro cultural. Ou seja, a análise da sua distribuição espacial é apenas um dos lados da questão. Seria necessário complementar essas informações com pesquisas que nos forneçam dados sobre a efetiva utilização desses equipamentos, bem como sobre a maneira pela qual a população em seu conjunto emprega seu tempo cotidiano. Estando, portanto, os mapas à disposição, seriam úteis, na avaliação da eficácia do sistema, as pesquisas sobre orçamento familiar e emprego de tempo, sobre padrões de consumo.3 Estas são pesquisas que, trazendo dados mais amplos, podem demonstrar, por exemplo, que a vida cultural da população não é feita pelas práticas legitimadas, aquelas com as quais se preocupam os gestores culturais que administram os equipamentos da cidade, práticas ditas de elite (teatro, museus, bibliotecas, por exemplo), mas sim pelo recurso a equipamentos e produtos da indústria cultural, sobretudo eletrônicos.
1
Espaço e Debates – Revista de Estudos regionais e urbanos. Nº 43/44.
Agradeço a Maria Aparecida Oliveira , Júlia Andrade e Fernando Pacheco que conceberam todos os mapas e contribuíram com suas respectivas leituras desse artigo.
3
DONNAT, Olivier. Les dépenses culturelles des ménages. Paris : DEP/ La Documentation