Epidemiologia do óbito fetal em população de baixa renda
Márcia M. A. de Aquino, José Guilherme Cecatti
Introdução
Há divergências entre os autores para delimitação da idade gestacional e de outros parâmetros, como peso e estatura, para definir a morte fetal. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define morte fetal como aquela que ocorre antes da completa expulsão ou extração do produto da concepção do organismo materno, independente da duração da gestação. Classifica-se ainda o óbito fetal de acordo com a época do acontecimento, em anteparto eintraparto. A classificação do óbito fetal dessa forma é de grande importância, já que exibem grandes diferenças no que diz respeito à etiologia, complicações maternas e assistência obstétrica. Quando conhecida, as causas determinadas de morte fetal no período anteparto são divididas em maternas e feto-anexiais. Entre as causas maternas, destacam-se condicões patológicas tais como síndromes hipertensivas, endocrinopatias, anemias em geral, infecções, isoimunização Rh e a presença no soro materno de anticorpos antifosfolípides. Entre essas, as síndromes hipertensivas contituem a principal causa conhecida de morte fetal. Quanto às infecções, dentre as bacterianas destacam-se a sífilis e a corioamnionite grave.
A corioamnionite é decorrente de uma infecção ascendente através do canal de parto, cuja etiologia nem sempre pode ser reconhecida. Em um estudo caso-controle realizado na África, verificou-se que a corioamnionite ocorreu com pequena 2,6 vezes maior em mulheres com natimortos do que em mulheres com recém-nascido vivo. Já entre as infecções parasitárias incluemse a Doença de Chagas, a toxoplasmose e a malária. E, entre as virais, a citomegalovirose e a infecção pelo herpes vírus tipo.
O óbito intra-uterino na mulher diabética pode ser determinado pelas alterações metabólicas, principalmente a hiperglicemia, a hipoglicemia e a cetoacidose, que ocorrem na presença de um deficiente controle do diabetes e, também,