Epidemias de Febre amarela em São Simão
ENSINO E PESQUISA - 2011
ISSN - 21773157
MEMÓRIA COLETIVA E EPIDEMIA A FEBRE AMARELA EM SÃO SIMÃO (1896
A 1902)
Carlo G. Monti10*
Fernanda de Cássia Alves Pialarici**
Introdução
A cidade de São Simão (SP) passou por três epidemias de febre amarela entre os anos de 1896 e 1902. Esse surto é indicado como fator gerador da estagnação econômica do município de onde se desmembrou Ribeirão Preto.
Na passagem do século XIX para o XX a forma de contágio e etiologia da febre amarela eram desconhecidos, prejudicando o controle sobre a doença, que acabou por virar epidemia. Depois de ter atingido o Rio de Janeiro, chegou a São Paulo pelo porto de Santos e seguiu pelas estradas de ferro, rumo ao interior do estado.
Em época, a sociedade e o estado brasileiro passavam por mudanças estruturais do
Império à República, entre o trabalho escravo e a chegada dos imigrantes europeus para trabalharem como mão-de-obra assalariada. A todas essas mudanças somavam-se as novas áreas de ocupação em São Paulo, estimuladas pela atividade do café, onde também chegou a febre amarela.
O estudo ora proposto privilegia uma dessas áreas, São Simão, que fora elevada a categoria de vila em 1865 e, após 10 anos, já possuía 3.507 habitantes. Desses, 777 eram escravos (MONTI; 2005). Uma área de expansão econômica, onde o café começou a ser cultivado em 1870, o que possibilitou a formação de um núcleo urbano e de uma elite local,
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*Doutorando em história pela UNESP-Franca. Professor do CEUBM, coordenador da
Especialização em história, cultura e sociedade do CEUBM.
** Graduada em história pelo CEUBM, aluna da Especialização em história, cultura e sociedade do
CEUBM. Diretora do Teatro Municipal de São Simão.
além de atrair muitos imigrantes para suas fazendas, fluxo este facilitado pela chegada da
Companhia Mogyana de Estradas de Ferro, em 1882.
São Simão acabou sendo um reflexo de todos os