Entrevista Castro Alves Ficticia
R.: Caros amigos aspirantes a jornalismo, como vão? De fato esse é um modo de comunicação inusitado, mas claro que cederei parte do meu tempo a vocês. Para uma pessoa intensa como fui - e sou -, a eternidade tende à monotonia. Acompanho cá e lá as notícias do plano terreno e devo lhes dizer que esse pedido de entrevista me alegra por um lado e me deprime por outro. Se por um lado o sonho do poeta é que suas palavras ecoem para sempre, por outro muito me entristece saber que 43 anos depois de minha morte, peças artísticas como O Navio Negreiro ainda façam sentido dentro de uma realidade de opressão ao negro. Mas perguntem, meus caros. Perguntem!
Castro Alves militava em várias frentes de movimentos, todos voltados à igualdade. Tinha uma vida ativa do ponto de vista político, artístico e sexual. Essa pergunta dá o tom de toda a entrevista, que consiste em explorar as opiniões dele com relação a eventos mais atuais.
A escrita continuou a se desenvolver e perder amarras. O distanciamento do classicismo que o senhor defendia foi se tornando cada vez frequente, até que a arte se tornasse tão livre quanto poderia ser. Você continuou acompanhando movimentos artísticos depois da morte?
R.: Claro que sim. A arte continua sendo meu maior remédio contra o tédio e, como vocês podem imaginar, tenho muito tempo livre. A liberdade para o artista é sorrateira: ao genial permite voos mais altos, enquanto ao medíocre causa tombos mais severos. Continuo acompanhando aqui deste plano e posso lhes dizer que vi