Entrevista_Antiga Diamantina
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Entrevistada: Maria Eva Ferreira Canuto. Prof(a). 71 anos.Como eram as casas e as relações familiares?
Tínhamos duas residências, a fazenda em Conselheiro Mata, pequeno distrito em Diamantina, que era a residência principal e uma casa em Diamantina para curtas temporadas e para os filhos que cursavam o segundo grau, na época chamado Clássico. A casa da fazenda, em estilo colonial era bastante ampla e aconchegante. Possuía sete quartos, alguns deles exclusivamente reservados para hóspedes, que por sinal eram bastante freqüentes, duas salas de visitas, uma delas na entrada principal com grandes sofás e uma vitrola e a outra com belos tapetes e mobiliário mais clássico, paredes e tetos decorados com afrescos. Esta última ficava quase sempre fechada e só era usada para visitas mais importantes ou conversas mais sigilosas. Crianças e jovens não participavam das reuniões dos adultos. Para mim, a parte mais interessante da casa era a cozinha de lenha como a chamávamos. Haviam duas: a que possuía um fogão à gás e um enorme guarda-louças e que era usada com pouca freqüência e a outra, que tinha um fogão à lenha com bancos de madeira à volta.. Durante todo o dia havia movimentação dos empregados e das pessoas mais íntimas, uma vez que sobre o fogão ficava um grande bule com café sempre fresco e uma vasilha com quitandas(roscas, biscoitos, pães,etc.) onde as pessoas se serviam à vontade. À noite nossa família se sentava à volta do fogão e ficavam todos contando causos e ouvindo histórias de assombração dos empregados antigos. O hábito era dormir cedo, por volta das nove horas e acordar bem cedinho com o cacarejar das galinhas e o mugir do gado. Dentre os programas diários, o principal era ir no fim da tarde à estação para ver o trem passar. Ao voltar da estação passávamos na casa de um ou outro parente e depois íamos para ver o entardecer sentados nas poltronas da grande varanda que havia em frente à casa. Junto existia um lindo jardim que possuía uma fonte